quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Mais uma vez natal e ano que acaba...

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Mais uma vez natal e ano que acaba
Vamos todos nos encontrar e falar de tudo com calma
‘Temos que nos respeitar nessas datas’
Esquentar bem as brasas
Rechear carnes magras para não engordar...
Até o novo ano chegar com esperanças
Abraçaremos nossas mágoas itinerantes
Que sempre voltam e tornam-se frisantes.
A noite abafa as causas
Amanhã a compra é desodorante
Tanto quanto suor deságua
Brindes com espumante
Sem atribuições ou boas marcas
São como lágrimas
Presentes emocionados que compartilhamos
Se adquirirmos com boa intenção.
A terra ainda é avermelhada
Folhas verdes crescem molhadas
Tornam-se brilhos saudáveis
Enquanto chuvas escolhem para onde vão
Espero que não sejam exageradas
Na estação que tanto nos sorri
Como calor de boa brasa
Sol que costuma esquentar
Onde o que se tem são árvores na estrada
Troncos dos pinheiros que ousaram cortar.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ficção Acadêmica

A academia ensina e diz que é espaço de reflexão e troca de experiências
Também inspira e rouba ideias...
Quando travam reflexões e opiniões
Só resta uma contravenção legal:
Colocar na ficção o que será mais verdadeiro
O ‘mais’ dos comentários retóricos.
Como já disse Augusto Boal
“A vida é um espetáculo imperdível”
Pode ser requintada pelo seu estilo
Num modelo de ação que é personagem
O seu preferido
Traz no enredo o que conta a miragem
E, no calor, as inspirações que suspiram.
Quem quiser acreditar
O texto-tese é romance, novela ou poesia de mestre
Contos e crônicas de quando começa e termina o dia
Nuvens se enrubescem
E refletem as boas impressões.
O palco é controverso
Natural na areia ou rocha democrática
É como um Arpoador submerso
Que emoções deságua?
Traz à tona o que as pessoas esperam do futuro
Que começa amanhã mesmo
Quando lembraremos de quase tudo
E seremos pessoas melhores.
A tese na ficção
É a academia das ideias reais
O livro vai além da constatação
A retórica é breve e diz mais?
A verdade está à mão
E mostra o que ainda não sei provar.


Eu não queria que você fosse um soldado

Eu não queria que você fosse um soldado
Daqueles que não se recorda dos motivos para atacar
Mesmo depois do crepúsculo só exercita músculos
Não se importa em acrescentar os objetivos de recompensa ‘maior’
Para si também toma as consequências sem pensar
Nos atos que reverberam e tocam peles sem trato
Chegam à corrente e encontram dois caminhos:
Do cérebro ou o do coração se estiver macio.
Pense antes qual prefere
Indique aos que estão à sua volta
Devem entender o que fere.
O que alivia também faz parte da conjuração
Das ações replicadas mesmo quando sofrem represálias
Das atitudes que não são protocoladas
Sentidas por pessoas desarmadas.
Não gostaria que você fosse somente um soldado que entra na farda
Faz do ofício um texto programado para ser executado
Sem objetivos claros desde o início...
Para uns, não são bem-sucedidos
São apenas atos que erraram alvos.
Efeitos voltam ao ponto de onde veio
Cabe a você conduzir a linha de tiro
Preservar o que ainda importa na vida
Esclarecer os objetivos
E as necessidades que unem inimigos
Viventes de um mesmo mundo
Podem navegar embalados pelo mesmo vento
Esquecer o que é propício de outros tempos
Quando é hora de devolver o anzol
E lembrar como é bonito o pôr do sol.

) Quando a lua mudar (



Quando a lua mudar
Já deixo avisado que estarei de partida
Vou guiada pelos céus que escolhi na vida
Em busca de um universo para explorar.
Caso queira passagem
Pode seguir viagem comigo
Teremos muitas histórias para criar
Escreveremos destinos eloquentes
Correremos riscos nas novas constelações
Enquanto veremos tudo de perto.

Quando a lua mudar
Conheceremos o que esconde o universo
Numa longa caminhada
Atmosferas e ares controversos mostrarão o que falta
Temos que pegar logo a estrada
Criar um novo tempo para a via láctea
Para que novidades aconteçam.
Quando a morada for cada palavra
A satisfação será o sentido que damos à vida:
Viver      e       reinventar       promissores rascunhos...
A lua mudará a nosso favor
E conquistaremos outros mundos.

Flores Cálidas

Foto: Josildo Azevedo

Meus olhos buscam flores cálidas
Minha causa passa por paisagens melancólicas
Tão belas como a serenidade das decisões certas.
Minha poética é liberdade de criação
Meu palco é dança com príncipes que tocam e cantam
Eles são músicos desenhistas da imaginação
Deixam beijos seguros e abraços maduros
No meio da multidão quando os procuro.
Os bons amigos estão no emprego antigo
Dos satisfeitos que criticam e sabem como mudar o mundo
Vão com os próximos que discutem sem freios
Mas conhecem o caminho.
Quando estou artista em vários contextos
Nem sempre com belezas nas certezas
Ouço nas artes a minha intuição
Quando sei que faço parte da natureza
Chego a encontrar as tais flores cálidas
Meus olhos dizem que não
Mas sei que fico livre de mágoas.

domingo, 26 de outubro de 2014

Por onde anda o tempo?

O tempo falta
Ou salta para não pensar
O tempo passa e a palavra descansa sem fala
Rimas dormem nos versos que se encolhem
Sem tempo para espalhar sonhos guardados.
Falta o tempo de inspirar o que areja as melhores ideias
E de recuperar os momentos das palavras certas.
A inspiração é um passo
Poesia às vezes é trabalho
Rápido quando vem direto do atual peito cansado.
Sem tempo, acelera batimentos
Mantém o foco na respiração
Rápida demais para contemplar o que nos move.
O dia que a atualidade acabar
O corpo se acalma e ouve os olhos
Que enxergam mais que a alma
Sabem quando o passatempo não espera
Marcam palavras que trazem ideias acordadas
Sonhadas além do papel.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A casa de ontem

Hoje, a casa está fechada.
Quando abro a porta, entro pela sala
Percebo os detalhes da cabala
Cerâmicas sertanejas
Artesanato de praia
E plantas secas.
No canto
Muitas almofadas
Em cor rubra e mostarda
Na janela
Cortinas de chita perto da escada
Cactos na varanda
Ao lado das orquídeas brancas
Murchas sem se hidratar.
Os bambus envernizados são o contorno dos quadros
Iluminados por lustres entre palhas trançadas
O pano de saco cobre o sofá
Fofo em tecido de retalhos
No canto de lá
Mais almofadas alaranjadas
Como outros detalhes da casa.
Nos tapetes
Aroma de sálvia
Sabonete líquido
É de eucalipto
O banheiro exala
Alfazemas no box
Só para os hóspedes
Banheira salgada em sais coloridos
Poltrona de porcelana
Puro decorativo que descansa
A velha comparsa de suspiros.
O olhar para fora
Vê a vida que se renova
No dia de sertão raro
Torna úmido o que a natureza fez chover.
Mais uns passos, o quarto
Azulejos quebrados na varanda
Rede através da moldura branca
Piso sem brilho e cadeira de balanço
Porta de vidro
Vista além do sítio
Reconhece de longe o rio
Entre campos e nuvens em preto e branco
Quase chove e faz frio
Traz de volta a época de criança
O motivo da casa fechada
Do cachorro não esperar na escada
Do louro que agora se cala.
A casa continua aurora
Sem dono é como sono que não se acorda
Lembrança de primavera ou outono
Quando vínhamos todos passear
Em feriados, com direito às flores e ao pomar
Os mais velhos velejavam
E tinha quem gostasse de pescar
As crianças queriam de tudo
Ficavam nos fundos pra brincar
As avós plantavam e regavam
Cozinhavam doces e vários pratos
Enfeitavam a mesa de flores
Abriam a porta pra quem quisesse chegar
A mãe cuidava dos enfeites e das compras
Dos animais e das pernas longas
Enquanto os homens se enrolavam com a lenha.
No tempo em que o fogo era brilho
Bons tempos de amigos e família
A turma chegava e saía
No ontem que valia a pena
Sem regras rígidas pra respeitar
A ordem do dia não se perdia
Era celebração da vida em primeiro lugar
Enquanto hoje, a porta está fechada
É preciso esquecer as mágoas
E abrir pra recordar.  

A morte de quem fica


A morte de quem fica
É a angústia de quem não sabe lidar
Com o medo de perder a vida
Sem deixar algo pra lembrar.

Entre o filósofo, o poeta, o físico e o ermitão

Estavam todos abertos a uma boa discussão
O filósofo, o poeta, o físico e o ermitão
Viviam em agito interno estático sem obrigação alienada
Pensando em teorias de vida ou jantares suicidas
Nos lugares onde a angústia e a celebridade são visitas
Às futuras tentações já vencidas.

Muitos pensamentos
Erguidos sob o sol e à noite
Quando não mais se ouve defeitos de fabricação
A música é aliada de todos
Ondas se propagam nos sonhos e no desgosto de poucos
Conclusões surgem como urgem novas ideias
A solidão conduz ao inconsciente que se torna
Virada de copos e falência de traumas
Por vezes fúnebres nas associações reais.

Impreciso é o fantástico em ocasiões banais
Todos amam como animais poéticos
Que garantem inspiração aos loucos realistas
Deduzem, criticam e caçam estratégias
Muitas são benéficas e funcionam como ligas
Em situações que plainam sem invejas
Não se atêm aos pequenos dramas existenciais
Curvas dão volta na primeira impressão
Fica a malícia e o gosto pela autocrítica
A disseminar novas formas de subversão.

Vivem dia após dia na mente que sussurra
Daime paciência para demolir ditaduras
E levar vida de santo
Como quem se banha em água pura
No peito dos homens de branco
Daime calma e estômago de soprano
Que exalta o ronco da canção que não merece
Posições relativas de um observador que critica
Não considera o movimento do pensamento
Quântico e acelerado nos vocábulos
Que agem rápido em qualquer direção.

Micros os desejos não são
Exprimem sonhos ainda não conquistados
Vagam como reflexões que perduram
Em busca de razões ocultas
Que se refletem nas sombras côncavas
Quando dobram as esquinas
Enquanto ágoras são erguidas
Dilatam-se vidas
Que unem literatura e física
Em linhas homéricas dionisíacas
Entre os que escolhem e não se identificam
Vivem pelas florestas de modo alternativo
Longe dos outros que decidem os motivos
Como metáfora que não se explica
O mundo em suas diferentes formas de vida.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

As decisões gritam

As decisões gritam para se materializarem em planos resolvidos sem erros de pretensão.
Cabe a quem sabe o desejo – que estimula o corpo inteiro a continuar os trabalhos em perfeitas condições – aceitar as ideias mais certas e torná-las amigas das alegrias da vida. Os músculos estão exaltados e o ritmo acelerado alimenta tensões. A calmaria pretendida está também nas simples ações do dia como um banho salgado, música resguardada do armário e flores na mesa que serve boa comida leve. O próximo passo é ressuscitar os ânimos e acordar o corpo para acender pensamentos e transformar todo o conjunto em produtor eloquente sem desastrosas pretensões. Finalmente, as decisões sussurram e agradam o desfecho da história, tornando (o que parecia só retórica) a diluição da tensão. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O navio atracou


O pequeno navio atracou, mesmo com tanto mar à frente, tanto azul e céu sem fim nas estrelas.
Mesmo com tanto amor, atracou.

O ponto de partida tornou-se chegada quase definitiva
Para onde não se sabe, nem o vento indica a melhor direção
Mas é fato que o tempo corrói o instrumento de navegação
E a pressa urge como pauta latente.

O pequeno navio atracou
Mesmo com tanto amor
Com vistas para o nascente e o poente.

Que seja temporário esse naufrágio
Que seja pausa para recuperação.

Quando assumir o leme
O continente é uma escala
Possibilidades para desabrochar...
Paisagens irradiam novidades a cada nascer do sol
E segue a passagem das nuvens sobre velas e cabeças.
Em tai chi, buzinas são alternadas ao som do suave sopro
A lua curta é quebrada em tons soltos refletidos na água
Torna-se enorme sob atmosferas pouco visitadas
Diferente do que acontece em terra.

Enquanto o mar insinua mistérios
Traz belos pares andorinhos
Corcovado, gávea de pedra...
Crespúsculos são cumprimentos entre céus vizinhos.

Quando vira o vento e o navio
À deriva na vida só quem não parte
Chegar é sair para novos ares
Escolher entre dois caminhos
Ou viver pelas margens.