quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Clarice




...Que minha solidão me sirva de companhia.

que eu tenha a coragem de me enfrentar.

que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.


Clarice Lispector


terça-feira, 1 de novembro de 2011

QUEM DIZ QUE TUDO É LIXO
TAMBÉM SE INCLUI.



Reflexo e Reflexão

Dizem que de vez em quando precisamos escrever
coisas mais bonitinhas e/ou delicadas
para que o que escrevemos não seja só o reflexo do que pensamos
e para que o que pensamos não seja somente o reflexo de realidades
nem sempre agradáveis.
Reflexo do reflexo. Isto se reflete na arte?
Sem “refletir” exatamente agora sobre esta questão,
vejamos o poema abaixo:

Delicadeza
Às vistas a delicadeza passa sem se notar
Tropeça pouco distante do admirador improvisado
Que surge na saída de uma rua empolgado
Pela beleza da moça que atravessa sem pausar.

Olhares leves bailam com os passos da flor
E eis que surge a curiosidade pelo caminho a percorrer
Direita ou esquerda não vai se arrepender
O que mais deseja é ir onde ela for.

Logo, a pequena entra numa capela
E desconfia não ser mais o caminho solitário
Pede benção ao protetor num clima imaginário
Cujo alvo a espera na janela.

Não se propagam palavras conversadas
Nem se chega tão perto para tocar
Os dois se entendem como a brisa e o mar
E tudo depois acerta-se no altar.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Millôr Fernandes


Coisas de Millôr

(carioca, escritor, poeta, desenhista, cartunista,
humorista, dramaturgo, tradutor...)



“Morte súbita é aquela em que a pessoa morre sem o auxílio dos médicos”

POEMAS

Metafísica do Conhecimento

O corte epistemológico –
já foi epustemológico –
sangra em tudo que é lógico.
O epistemológico sabe
que só sabe que não sabe,
pois conhecer o conhecimento
é achar que sopro é vento.

O epistemólogo diferencia
o que está do que é
e do que existe;
não é triste?
Não é fácil, no dia-a-dia,
comprar epistemologia:
não tem no supermercado
nem no banco que está a seu lado.

Poeminha prum Homenzinho a Serviço da Tecnologia

Vou te dar um conselho;
Faz tudo que eles mandam:
Desce de elevador
E abre a tua porta
Acende esse abajur
Liga a refrigeração
Bota um disco no prato
Põe música no ar
Degela a geladeira
Aquece o aquecedor
E ferve essa chaleira.
Do programa de rádio
Grava uma canção
Bate uma carta à máquina
E vê televisão.
Te pesa na balança
Opera o calculador
Senta nessa poltrona
E lê o teu jornal
Sem nem querer pensar
Bebericando uísque
Fumando sem parar.
Atende ao telefone
Se conferindo ao espelho
Mas ouve meu conselho;
Não acerta o relógio.
É muito tarde, agora;
Já passou a tua hora.

Os Canais (in) Competentes

É a mesa
(bureau)
Quem cria
A bureaucracia.
Eles dizem todo dia
É uma tirania:
Funcionários
Com seis formulários
Dez guias
Em várias vias
Atas
Em triplicatas
E registros anais
Às folhas tais
Soltam
Tostão a tostão
O gostoso poder
Que têm na mão
Sempre adiando a decisão
Pra próxima sessão
Perguntando sempre
Mais uma questão
Exigindo outra vez
Retrato 3 x 6
Firma reconhecida
Em tabelião,
Folha corrida,
Atestado de filiação
E atestado
Que ateste a atestação.
Mas aos poucos se nota
Que a burocracia
– Nada idiota! –
Cede a vez:
Algumas coisas
Andam com mais rapidez.
Já se acabaram as discussões
De leis
Processos judiciais
E discussões formais
Que não traziam auxílio
À invasão
Do domicílio.
Sem falar que já eliminamos
A necessidade
Do latim
Na faculdade.
Ninguém mais se importa
Com palavras
De uma língua morta
De que até a intelligentsia
Andava farta:
Legem habemus,
Habeas corpus,
Conditio juri e
Magna carta.

Poeminha Filantrópico

Dar, emprestar,
Avalizar:
Tudo verbo auxiliar.

Poeminha sem Nexo
          Queixa

Liderar não é nada duro;
As perguntas são todas no presente,
As respostas são todas no futuro.
Chega.
Alegria para todos!
Que se vão os maus dias...
Seja bem-vindo o bom gosto.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

C'est la mort...

LA MORT


Eu queria poder não amar ninguém
Para não ter que me despedir
E passar pela morte das pessoas.
Eu queria pelo menos morrer hoje
Ser considerada pessoa boa
Antes que amanhã chegue a pior das notícias.
Queria celebrar a vida
Saborear momentos felizes, boas cantigas
Comemorar mais um “pôr-do-sol”
E regar flores imortais.
Não é possível nos despedirmos para sempre
E nos encontrarmos novamente
É a certeza que mais angustia
Se hoje somos felizes
E amanhã não há mais flor
Nem bom dia.
Se continuarmos por aqui
Só nos restará conversar com fotografias
Lembrar dos poetas, das manias
E esperar que chegue o nosso dia.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Ponto de Mutação


Livro (1983) de Fritjof Capra.
O nome foi extraído de um hexagrama do I Ching.
Nele, Capra compara o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. O primeiro é reducionista e modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos. O segundo, holístico ou sistêmico, vê o todo como indissociável; o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo.
As comparações são feitas em vários campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e a economia.
Fritjof Capra nos traz uma obra de sensibilidade e reflexão sobre as bases da existência e da integração do pensamento e das ações humanas no contexto do desenvolvimento, na busca da equação da vida e do progresso equilibrado e sustentado. (reporternet)

Filme O Ponto de Mutação
O que é a vida?


Merveilleuse


wunderbar (alemão)
prachtig (holandês)
ยอดเยี่ยม (tailandês)

Pergunte-me: 
o que você faz ao esperar o início da aula?

POESIA EM 5 MINUTOS

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Cá estou com meus fantasmas mentais
Dou bom dia aos anjos
Falo com os animais
Compro charuto cubano
Bebo uísque de um ano
Relato o que não enxergo nos jornais
A vida paradisíaca
Flores no asfalto
Sorvete na torneira da pia
Uma cidade sem assalto.
Penso como seria se eu reescrevesse o mundo
Creio que todos voariam
Estaria de volta o cinema mudo
E árvores de orquídeas cresceriam.
No entanto, passo por isso todo dia
E acredito poder ser assim
Dependendo de como conduzo a vida
Os anjos é que precisam de mim.
  
Belle Orchidée

Velho em solidão

Escrevo um bilhete de saudade
Compro todos os postais
A nostalgia me invade
E chamo pelos meus pais.

Falta-me a mesa posta
A juventude já passou
Na parede – a natureza é morta
Está vazio o balcão do bistrô.

Encontro-me com a falsa meninice
Monto e remonto o passado
Meus filhos não existem
E já perdi quem estava ao meu lado.

Viajo só em minha sala de jantar
Ao lembrar das noites de comemoração
O bilhete, os postais, não tenho para quem enviar
Sou apenas um velho em solidão.

 Muet


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Somos bons ao seguir para a garagem
Se o elevador é panorâmico
Somos um poço de bondade
Depois da cobertura do novo restaurante
Dos cristais, da champagne, do diamante
Somos pura e total idoneidade.
Mas espere aí
Somos pessoas ou somos embalagem?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pisquei




Enquanto eu e o vinho

Estou bebendo vinho agora
e desejo uma companhia que eu não precise conversar.
Quero olhar, ver alguém de bem com a vida e de olhar esperançoso.
Sei que guardarei isso em mim
e levarei por algum tempo.
Estou sozinha
mas estar com alguém que não interrompa minhas sensações
e ainda me acrescenta outras interessantes
é o ápice da solidão bem acompanhada.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nosso Templo Glauber Rocha

Glauber Rocha


"O país precisa de poetas"

"A Arte é a dimensão anárquica da matéria onírica"

"A violência é um resíduo apocalíptico do machismo"

"Sou famosíssimo e paupérrimo"

"Acho que é uma função digna do cinema mostrar 
  o homem ao homem"

"O Estado é mais forte que o poeta"

"A verdade revolucionária está com as minorias"

"O que interessa é a criação. A linguagem estabelecida, em qualquer arte, cansa"

        "... a câmera é um olho sobre o mundo"




   "A câmera é um objeto que mente"

         "Ainda faremos filmes feios"

"A Arte é tão difícil como o amor"

"A História é feita pelo povo e escrita pelo poder"

"A função do artista é violentar"

"O público normalmente vomita sua imagem refletida"

"O verbo é ideológico e hoje em dia não há mais fronteiras geográficas"

"Estão confundindo minha loucura com minha lucidez"

Boa noite, meu amigo.
Fio Cultural

sábado, 23 de julho de 2011

AMY Wine...

SHOW AMY ?






É por isso que eu digo: é bom fazer de tudo para não perder um show, pelo menos para os que são amantes impulsivos da música.
Não é todo dia, sequer todo ano, na maioria das vezes, que podemos experimentar um pouco de êxtase em relação a estar no mesmo ambiente que um bom artista em ação. Cada um sente de uma forma, mas sabe o quanto é bom, ou melhor, prazeroso.
Não sei se é questão de energia, fantasia ou ilusão de estar em outro mundo sem pensar nas negatividades da vida. No entanto, repito: é muito bom.
Sendo assim, se gostar muito, faça o possível e assista ao show.
O dela não foi dos meus preferidos. Até reclamei, mas nunca pensei que não deveria ter ido. 
Valeu a pena.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Instalação?
Semana Surreal/UFRJ
2009
A Melhor Coisa
A melhor coisa que tem
É morango com gelatina.
Olha, não é!
Eu prefiro sorvete de morango com cerejas.
A melhor coisa é dormir
Sossegar, ficar tranqüilo, apagar.
Não sei...
Eu prefiro a cama para sexo
É muito melhor!
Eu gosto mesmo é de dançar.
Eu já curto comer uma boa macarronada.
Sei não...
O melhor mesmo é tomar vinho de boa safra.
Esperaí:
A Melhor Coisa é quando queremos a melhor coisa.
Quando estou com sono
Me livre de dançar
Quando estou fazendo sexo
Não quero saber de macarronada.
Só depois...
Às vezes, a melhor coisa é fazer xixi.  

terça-feira, 5 de julho de 2011

Desespero

D ES ES PERO 
é algo que você colocou na sua cabeça e, depois, VOCÊ deixou espalhar pelo resto do corpo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011


Olá, visitante do Fio Cultural:

Lembre-se do filme Alice no País das Maravilhas sempre que quiserem reprimi-lo:

“Sim, você é louco, louquinho. Mas vou lhe contar um segredo: as melhores pessoas são assim!”

“Senhores, a única forma de alcançar o impossível é pensar que é possível”



Mais uma vez: sejam bem-vindos ao nosso país das maravilhas.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Nelson Rodrigues - o que nos diz?

Nelson Rodrigues
Amigo das noites, companheiro de expectativas, críticas aos amores, realidade exagerada só porque não aparece em todas as casas.

Algumas de suas pérolas:

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...

O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.

Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea.

Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu.

O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência.

Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las.

Antigamente, o defunto tinha domicílio. Ninguém o vestia às pressas, ninguém o despachava às escondidas. Permanecia em casa, dentro de um ambiente em que até os móveis eram cordiais e solidários. Armava-se a câmara-ardente num doce sala de jantar ou numa cálida sala de visitas, debaixo dos retratos dos outros mortos. Escancaravam-se todas as portas, todas as janelas; e esta casa iluminada podia sugerir, à distância, a idéia de um aniversário, de um casamento ou de um velório mesmo.

Quando os amigos deixam de jantar com os amigos [por causa da ideologia], é porque o país está maduro para a carnificina.

Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.



A cama é um móvel metafísico.

Na mulher interessante a beleza é secundária, irrelevante e até mesmo desnecessária. A beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse de mulher em mulher anunciando: ser bonita não interessa, seja interessante.

A televisão matou a janela.

...O homem deseja sem amar, a mulher deseja sem amor.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.

A ideologia que "absolve e justifica os canalhas" é apenas o ópio dos intelectuais.