No final da mesma semana, as despedidas
de J. Ubaldo Ribeiro e de Rubem Alves. É inevitável pensar na morte e fazer
reflexões em torno do assunto. Rubem dizia o contrário sobre sermos
parabenizados por mais um ano de vida a cada aniversário. A seu modo, temos
menos um ano de vida a cada aniversário. Mas, no caso desses autores, a morte é
só descanso para o corpo. O resto todo continua por aí, vivo, por tempo indeterminado. Ubaldo Ribeiro dizia que somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas que conseguirmos nos lembrar. As histórias e as reflexões não serão esquecidas. São como pessoas a se manifestar. As obras tornam os escritores vivos sem previsão de menos
anos ao aniversário de cada livro. As palavras e as consequências deixadas por
seus articuladores são apaixonantes e não se vão. São como as árvores e os
filhos para a próxima geração.
Escritores não morrem
Escritores não morrem
Viram letrinhas espalhadas
Voando pelas estantes
Pelas mentes dos que acolhem as
palavras.
Escritores são highlanders
Desentortam linhas de cadernos sem
páginas
Tiram a fala para o saber nas
entrelinhas
A vida que esperamos fraseada
O mundo que conhecemos de casa
E fora do ângulo de visão dos que correm
Escritores não morrem
Soltam letrinhas de mãos dadas
Que perambulam por onde deixá-las
Pelos computadores que também voam
Pelas estantes limpas ou empoeiradas
Vivem nas mentes dos que acolhem as
palavras.
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