terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Eus

 


São muitos os eus que brilham minha sorte

Eus que se enraízam e outros que criam ou completam andanças

Eus que levam a mortes

De tantas instâncias que não servem mais.

Eus fortes, contentes, esperançosos

Eus que doem após falsas alavancas

Verdades que não merecem.

Mas eus renascem e acontecem

São muitos fôlegos

Muitos eus para cicatrizar feridas

Muitas vidas

Únicas

E nenhuma é breve

Quando o coração acolhe e agradece.

Eus somos, eus sereis

Eus sonhos, eus sereias

Seremos sementes e saciedades

Livres e leves

Na melhor correnteza do(s) ego(s).







segunda-feira, 23 de novembro de 2020



Telas nos mostram e nos escondem do mundo

Sentimentos cada vez mais desfigurados

Ou – nas horas novas – profundos

Porém – nem sempre – poéticos.

Pessoas indagam o porquê de tanta injustiça

E quão pouco depende de nós o fim das notícias

Mesmo assim, refletimos recorrendo

Aos pontos que o cérebro ainda permite

Revemos o passado, descobrimos saudades e valores calados.

As vestes já não importam tanto e as maquiagens andam econômicas

São os olhares que nos respondem e sutilezam o que nos consome.



A caneca está cheia e a caneta vazia

Chá para ansiedade e azia

Nenhum que afaste a hipocrisia

Dos outros e a de nós mesmos.

As ideias já vivem muito mais no coração

São indescritíveis e decepcionam o racional.

As preces são atendidas muito mais nos sonhos

Dentro de nós mesmos – pesadelos

E a ferramenta que ainda nos serve

É enxergar-se e enxergar

Além do que é possível expectar.

Dentro de nós a sós (in) convictos

Laços desatados ou mais sólidos do que se pensa

Saudade dos passados e dos abraços previsíveis

                     ... Ou não

Saudade até de ser maltratado no balcão.


Cliente sem os bares da vida.


O que se tem nas mentes em home office

Virtuais futuros do presente de incertezas

Romances em queda progressiva insólita

Volta aos velhos hábitos analógicos ou flertes tecnológicos

Um tanto aquecem a solidão que não me adormece.


Nosso amor de carne e plástico

É tesão entre duplos tecidos

Líquido inflamável

Enquanto me adapto a não ir

Além de meus pés descalços

Janelas abertas às distâncias e à reconciliação

E não me iludo mais

Burlo regras com cautela

Escolho trégua porque é preciso

Melhor ofegar de amor

A morrer de SUSto enquanto respiro.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

 

__________

Do corpo...

Resta compor outro

Letra e melodia que se comunicam.

Desde o início, sem meio, sem fim

Vive poema sem título

Busca o que gostaria que fosse

Para suportar viver dentro de si

Mente para si mesmo no mundo fingido

Sem saber como agir ao encontro do medo

Não encontra o corpo que o sustenta

Nem seu lado que pensa

Textura e estrutura não coincidem

Lado biônico da mente em curto.

Referências externas evidenciam dores da carne

Que... de metástase em metástase

Fortalece o inatingível da alma

Que já não sabe em qual destino existir.

O que era bom se foi além das ondas eletromagnéticas

Propagandas falsas propagadas

Buraco negro ainda não aceito

E o de minhoca... só travas.

Sem despedida ou carta harmônica

A crise está de volta

Domínio do pessimismo realista

Prevalece razão sem rimas

Contamina pensamentos

Desfaz posicionamentos

Tira a cor da aura.

Versos em ruínas antes do topo

Tempo vestido imune à adrenalina

Decassílabos se desmoronam em purpurinas

Num enjabement de ideias.

Incessante mutação contradiz história e razão

Não percebe amigos e estimas

Concorda com parentes errôneos

Inconsciente coletivo que corrói a carne

Leva amores à lata de lixo

Paixão em letras soltas e esparsas

Destituição do alívio que emitiam.

E o que resta é compor um novo ser

Estrofes encadeadas desta vez

Sons que bailam em toques e ouvidos

Antes do fim-fingido.

O ritmo agora é recomeço

Corpo, Alma... Paraíso

De outro tempo.



.

 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Indesejado

Ceder ao canto dos ventos contrários

Não é o que se espera

No dia lindo de sol.

Manhã para acordar, tarde e noite para amar

Sem ênfase na (pouca) oposição.

O dia segue a semana

E a semana segue às angústias duradouras

Quando a escolha é não aproveitar boa conexão

Enterrar intenções desejáveis e adoráveis paisagens

Tamanha falta de consideração.

Se falta fogo, respeito ou paixão

O lindo dia se queima com a neve

Frente fria dos que não sentem

Amor além das peles.

Imagem de Brian Clark do Pixabay


domingo, 28 de junho de 2020

De todo o muito que sobrei
Em cores me juntei aos prósperos
Reestruturei sombras que não refrescavam
Revitalizei com caneta o passado
Pincelando novos cadernos
- Capa macia e colorida.



Transformação constante
Permite permanências
Oscula o que fica
Escorre sem prantos a vida
Sangue bom que alimenta
Lágrimas douradas de felicitações
Reluzem velhas moradas
Dão fim ao que tanto cansa
Abrem novas estradas.

domingo, 10 de maio de 2020

(sem título) - em dias de quarentena




Abraço o sol, o céu... a natureza e seu cheiro que ainda posso ver. Recebo os cantos e energias que me insinuam bom dia e dizem que, para ser, depende também de mim. Olhar para dentro, olhar para fora e ver que temos um mundo em nós agora.



domingo, 22 de março de 2020

Aos apelos pelos pensamentos positivos


... Não é nota de meu diário.
(imagem meramente...)



‘Aos apelos pelos pensamentos positivos’


Como se estivesse tudo normal... /
Lembrar, pensar, fazer coisas boas /
Na medida do possível, ajuda. /
Pra não passar o tempo à toa /
E não se tornar um desfalecido vivo. /
Como se isto fosse decisão ou vontade das pessoas /
Que (em solidão) têm realmente vida boa? /
Então digo: Não estou só. /
Ouço ainda expressões de passarinhos, posso escrever, comer uvas e tomar vinho. /
(Por enquanto) /
Estou com plantinhas, músicas e poesia. /
Ainda tenho o cinema caseiro e quase controle sobre minhas manias que me espremem./
Posso gastar tempo com gastronomia na minha própria cozinha /
Ativar hibiscos, currys, pimentas, cores e poemas nutritivos. /
Tenho água e sabão! /
E, nesta, posso me servir de uma alimentação saudável de gente privilegiada. /
Como se fosse tudo /
E, em breve, poderá ser nada. /
Mas não estou só. /
Tenho tecnologias ao meu redor e até na palma da mão /
Falo com pessoas e tentamos fazer previsões boas. /
Momento intrigante... pra quem gostava tanto de solidão... /
Nada dura com proibição. /
Mesmo assim, não estou só. /
Estou também com meus pensamentos... /
E com os dos outros /
Acelerados, lentos, ansiosos e desastrosos (às vezes) /
Enquanto eu não queria tretá-los por muito tempo. /
Só que nem sei saber decidir e controlar tudo que vem e sai em/de mim. /
Logo eu que dizia tanto /
Nos últimos momentos antes do desencanto /
Que precisava tirar um dia pra pensar. /
Resgatar argumentos, projetar, pensar na vida, escrever pra remanejar. /
Hoje, penso e (des) penso. /
Tem sido preciso dispensar. /
Só de sentir o que virá sem os trabalhos de quase sempre /
O positivo se vai ao refletir sobre o fim, o meio e o princípio. /
Mas não estou só. /
E ainda estou bem /
Sem nós no ar... /
Bem melhor do que tantos /
Pensadores, pensativos, ou não.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Depois de um algodão-doce lucideznógeno

Depois de um algodão-doce lucideznógeno...
O sono do ópio é sonho; o sonho do ócio é fato fácil, mas não vale o que é frágil. Então, vou sonhar com os irônicos palhaços reais e terei o poder de deixá-los para trás, sem limitar o quanto vai chover sobre suas nobres maquiagens. (diz a mulher sentada na calçada da infâmia e cansada dos circos nonsenses de infância que insistem até hoje).
'Amanhã passo lá para acreditar com ela' e comer algodão-doce cor-de-rosa. (operesca infância insólita e atingível só nessas horas de mico). Nem sei de que cor de alma me visto. E com algodão não me curo. Limpo feridas agarradas aos novelos da vida.
Mas... vou trabalhar em alguma coisa amanhã.
E, nas nuvens crepusculosas, depositarei minhas esperanças possíveis de que estou errada, mesmo se nada serei.