segunda-feira, 23 de novembro de 2020



Telas nos mostram e nos escondem do mundo

Sentimentos cada vez mais desfigurados

Ou – nas horas novas – profundos

Porém – nem sempre – poéticos.

Pessoas indagam o porquê de tanta injustiça

E quão pouco depende de nós o fim das notícias

Mesmo assim, refletimos recorrendo

Aos pontos que o cérebro ainda permite

Revemos o passado, descobrimos saudades e valores calados.

As vestes já não importam tanto e as maquiagens andam econômicas

São os olhares que nos respondem e sutilezam o que nos consome.



A caneca está cheia e a caneta vazia

Chá para ansiedade e azia

Nenhum que afaste a hipocrisia

Dos outros e a de nós mesmos.

As ideias já vivem muito mais no coração

São indescritíveis e decepcionam o racional.

As preces são atendidas muito mais nos sonhos

Dentro de nós mesmos – pesadelos

E a ferramenta que ainda nos serve

É enxergar-se e enxergar

Além do que é possível expectar.

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