O que a razão pede é um amor tranquilo, um bom vinho que dê
arrepios, mas que não tropece as ideias. Um cobertor que modifica o frio e o torna
berço de sonhos para ficar consigo mesmo sem vontade de se levantar por bons
motivos, pois o mundo uterino – o ninho de proteção e aconchegos umbilicais – passa
a ser leito nos lençóis mais meigos ao invés da sala de estar vazia e com receios.
Sem esmos... Olhar para o próprio umbigo e se perceber como único regalo num mundo
cheio de frios e de pessoas em vão.
Mas, uma hora dessas, é preciso voltar ao trabalho e se
caracterizar como gente, assim como a sociedade nos remete... E é luxo
programar o horário, às vezes, flexível quando há arte e pouco salário... Enquanto
isso, neste caso agregado ao que toca, o ofício será muito melhor pensado,
refletido e executado após o edredom amigável e o mimo de estar consigo diante
do próprio amor.