terça-feira, 25 de setembro de 2018

Estamos vivendo num clímax inverso, à beira de um abismo – ora de gritos, ora de vozes que se calam. É o abismo contraditório do medo da saída do labirinto e esperança de que o desconhecido hipotético possa surpreender. De qualquer forma, é transição para os que coabitam os espaços alienados e para os que anseiam por revoluções de ideias que desembocam em ações, as que nos tornam, voltam a (nos) ser natureza... flores ansiolíticas em qualquer cânion.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Utopia da despedida

Despeço-me do amor não consumado, do desejo insólito 
[autenticamente revelado].

Não funcionou e bateu asas
Como quem beija a flor
E nem sente o cheiro.

Platônico foi o exercício de não querer muito
Passou longe do capricho e transformou-se em tensão
Golpe sentimental, perda da razão, impulso do inconformismo.

Ansiedade...

A admiração foi pro abismo e deletou a afeição pelas palavras
As que se quer ouvir, as que se ouve no calor acolchoado
As que não se remetem às ações foram cumpridas
Tornaram-se inúteis e mentiras desejáveis
Mas ainda inflamam, ardem
Invadem com dor e espalham o que não se deve transparecer.

O chão todo colorido
É vermelho de paixão e sangue
É laranja amargo
Quase um Van Gogh em processo de sublimação
Gestos amarelados
Querendo acalmar os ânimos sem girassois
Deixou a desejar
Cabeça girou de um lado ao outro
Acompanhando o sol que se pôs
Sem nada a declarar.

Noite
Piso derramado e borrado
Cama vazia
Pincéis caídos
Coração escancarado
Dilacerado
Sem sentido no momento.

Solvente do carinho e da criatividade.

Do moinho poético à tumba dos arrependimentos
Nem cartão de crédito atenua tamanha desilusão
Por que será? A curiosidade transformou-se em paixão?
O gato transformou-se em tigre dente-de-leão?
Não!
Feriu o ego, a crença sem fé
E os mais belos sentimentos
Os que eram autênticos
Fugiram à impressão.

A cura não está nos chás.

Poesia e vinho prestes a acampar
No quintal descoberto de boas ilusões.

Luzes se apagaram para ouvir o chamado da hipocrisia
Da gula de quem não sacia e pouco valoriza a ternura de quem cativa.

Cativou, criou fantasias possíveis
A volúpia dividiu papéis
Imaginou mundo (s) com paredes e camas que contorcem sonhos
Números pares para que tudo desse certo
(2)
Sem sorte.

Viagem...

Todos os conselhos do cérebro
De início, foram em vão
Era preciso esperar a decisão de ir até onde se alcança o sofrimento
E tinha que ser de modo inédito
Sem previsão...
Mas como se esperava o desfecho.

O olhar atento, a mente aberta e receosa
Trouxe respostas
Que a intuição já havia suspirado
Mas não gostaria nunca de sentir
De saber o que desconfiou
Quando antes havia luz
E não enxergava quando tudo começava.

Queria a chance do engano e que fosse como gostasse
Sem pressões, nem maldade
Queria concretizar um bom plano
Livre de regras, mas com verdades.

O enfim então veio
Afogou desejos
E sintonias tornaram-se bolhas
Fingidas
Estouradas.

Era de se esperar mesmo
De um bom dia clichê
De quem não sai da tela que não é TV
Suplica por visões
Se excita
E expele contradições
Mundo que alucina pra quem acredita
Em boca linda.

Passa a noite, passa o dia, e se esvai o calor do fogo inaugural
Transforma-se em algo banal.


Quanto desinteresse!


Assanhamento frívolo

Lascívia de meros delírios
Efêmeras fantasias dissecadas
Que animaram e mataram a alma
De quem pouco teve calma, especialmente à noite.

Um avião, um hotel, uma ideia não cumprida
Parece até que já estava no manuscrito
Que nunca chegaria o bom dia
Esperado com café da manhã
Toalhas singelas e macias
Lençóis entre pernas
E flanelas espalhadas
Que não poderiam contar nada
Muito menos o que soubessem.

Setembro, 2018.