quarta-feira, 23 de julho de 2014

Nova cavalgada

As impressões da semana continuam...

Nova cavalgada 

E meu amigo reconhecido foi cavalgar
Como mestre encantado
Por um mundo desconhecido a compor outras histórias
Deixou pegadas infinitas, rimas bonitas
Lição que não cabe na ficção
Mas permanece na memória.
Êta homem, andante de um sertão rico
Onde não padecem as palavras
Entre Chicós e Joãos-Grilo

Ideias perambulam através das cenas...
São mais que poemas
Não ficam só nos contos de fadas

Da terra que tão pouco se desenha
Trajetórias tortas marcam o inusitado
Páginas borradas por lágrimas
Felizes pela longa jornada

Novos andantes e o legado
Que continue a cavalgada!

domingo, 20 de julho de 2014

A parte que me encanta

A parte que me encanta
Abranda o doce que me salta
Foge e reage ao meu ‘contrataque’
Mas ainda é boa lembrança
Uma espera como se me transformasse
Relendo poemas antigos
Recordações de alguns amigos
E retorno ao que me queima
Arde com ternura
Ao acender duas almas nuas
Sorri quando assopra
Tudo como outrora aprontava
Nada pouco pra quem consolava
A parte que me encanta
Foi-se breve
Vira e volta a deixar-me alegre
É passado, é lembrança
É texto que escreve reconhecidos caminhos
Conta minha história
Os motivos da fuga do ninho
Penso e digo pra quem me toca
Daqui não volto
Sei que fico na porta como cachos de uvas
Substância que revigora
E quando me devora a fruta
Revisito a curva
Que me traz o afeto.
Hoje pouco importa
Onde quer que eu esteja
Eu me queimo e você me assopra.

Impressões da Semana

No final da mesma semana, as despedidas de J. Ubaldo Ribeiro e de Rubem Alves. É inevitável pensar na morte e fazer reflexões em torno do assunto. Rubem dizia o contrário sobre sermos parabenizados por mais um ano de vida a cada aniversário. A seu modo, temos menos um ano de vida a cada aniversário. Mas, no caso desses autores, a morte é só descanso para o corpo. O resto todo continua por aí, vivo, por tempo indeterminado. Ubaldo Ribeiro dizia que somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas que conseguirmos nos lembrar. As histórias e as reflexões não serão esquecidas. São como pessoas a se manifestar. As obras tornam os escritores vivos sem previsão de menos anos ao aniversário de cada livro. As palavras e as consequências deixadas por seus articuladores são apaixonantes e não se vão. São como as árvores e os filhos para a próxima geração.


Escritores não morrem

Escritores não morrem
Viram letrinhas espalhadas
Voando pelas estantes
Pelas mentes dos que acolhem as palavras.
Escritores são highlanders
Desentortam linhas de cadernos sem páginas
Tiram a fala para o saber nas entrelinhas
A vida que esperamos fraseada
O mundo que conhecemos de casa
E fora do ângulo de visão dos que correm
Escritores não morrem
Soltam letrinhas de mãos dadas
Que perambulam por onde deixá-las
Pelos computadores que também voam
Pelas estantes limpas ou empoeiradas
Vivem nas mentes dos que acolhem as palavras.