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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O que resta do indivíduo

I

O que resta do indivíduo
quando olha para trás e vê erros cumpridos
muitos não são erros provocativos
são falas de contextos mal resolvidos
ou, brevemente,
desespero do coração que não se cala
quando lhe ferem a alma.
Mera tentativa de resolver a vida
em um dia (quem saberia)
com boas intenções
para abrandar más sensações irremediáveis.
Nem sempre funciona.
O equilíbrio intencional
cede lugar à pausa das mágoas
adoça palavras e espera...
Gritos chegam do nada
e a quietude novamente se esfarrapa
o embate se instala
sem olhares para o lugar de fala.
A oscilação é frequente...
Ventos fortes se abrisam
acalma, pede trégua
pede abrigo
e nada útil acontece.
Desistência sem ritmo pode ser rumo
talvez não o único.
Até o ano acaba
o Natal envelhece
e o pedido continua o mesmo
ser vivo e coeso
em quatro mãos que se cortejam
se dão e se respeitam
seguram o mesmo barco
e saem à brasileira
avante caminhos ainda não exatos
Despedem-se dos desejos ingratos. 


Superinteressante. Abril.com

II

O que resta do indivíduo
que ama e quer ser bom amigo.
O ano velho já se derrama
legados deste não se deseja
a meta é abrigar-se na natureza
e rever o funcionamento de todas as coisas.
Meditação é possibilidade
das belas cidades
matar as saudades
e conhecer outros mundos
os de perto, os de longe
os de dentro de si
abrir a fechadura da criatividade
trancar a preguiça de estar vivo
fazer o que for preciso
para a saúde dançar com a arte
entre poemas mentais e físicos
acolher melhor os bons amigos
que estendem as mãos sem recolher dedos
beijar quem tem o melhor abraço
abraçar crianças inteligentes e educadas
contar para elas que a vida nos leva
e que às vezes podemos mudar tudo ou nada
mas sempre deixamos nossos passos na caminhada.
Abrir caminhos para os bons ventos
e que levem folhas mortas e frutas que caem
que galhos se refaçam
e flores nasçam mais amáveis nos corações das pessoas.
Exercitar o constante amadurecer
ser melhor do que antes
fazer bons planos e colocá-los adiante
reclamar pouco
manter o bom gosto
agradecer aos semelhantes e ignorar os escrotos
fazer da gratidão urgente
pelo que ainda se tem.
Valorizar os verdadeiros e bons amantes
paciência, empatia, compaixão, alegria...
Fundir o que se precisa na vida
do indivíduo o que resta é ser digno
pra receber os melhores carinhos.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

pq

Foto: Superinteressante (Editora Abril)



Por qual motivo águias sorriem gritos?
Por qual motivo gatos não ciscam?
E cobras desenham a Copacabana que imaginamos
que pisamos...
Ainda não é compreendida a origem de todas as coisas
O existir e o repetir são alicerces da razão
Enquanto ...
A morte é fato incontestável
O fim de todas as coisas
Uma de cada vez ou não.

Quando começa
não precisamos, não temos pressa
Quando termina
descobrimos que amamos.
O fim
entendemos muito bem
Os fins
por vezes procuramos
O diferente
O que atrai...
Um desdém pra quem nos faz.
A rotina retrai boas maneiras e atiça sonhos inatingíveis.
De que adianta sonhar então?
Serve pra errar?
Tortura pós imaginação?
Na crença de que vamos alcançar
Felicidade suprema.
Mito e ilusão!
Alegrias vêm e vão
Os caminhos servem para serem esculpidos
por nós
Com alguma satisfação de vez em quando
E muitos dias que nem sabemos porque amanhecem
Nos tornam fregueses do tempo.

O acaso também é pensado
Talvez não por nós...
Destinos são criados
consumados
por meio de tudo que atravessa nosso caminho
Escolhemos sem saber
Destruímos o que poderíamos ser
Às vezes sabendo
Às vezes não.
Construímos castelos fantásticos
Imaginários na vida que nos martela
E como gostaríamos que fosse bela!
E não batatinha quando nasce.
Trivial demais pra quem não consegue esperar...
Trivial demais pra quem não sabe olhar...
Sem raiz não se desenterra uma poética com sabedoria
e classe
Já dizia o crítico
à minha poesia
Pra ele
porcaria
Que diz o que sinto
Resumida em código previsível
Segundo ou nunca plano para a arte.

Os uivos, os gemidos, os mios
Ah...
Os gritos!
Estão por dentro
E no que dizemos
Sem querer atrapalhar o sono
Dos que conseguem descansar em paz.
O silêncio é meta e metamorfose
Traduzido em língua que não existe
sem lábios
O que resta quando corações se calam.
E não seremos seres serenos ...
Que seja por vaidade
Reféns de algo que não controlamos
Até aqueles que se amarram
de verdade
Quando amar é a ressalva
que concedemos apreciar.

Sempre que os planos mudam
Principalmente sem nos avisar
Vêm novos mundos
Outros ocupam o futuro
Peripécias a borbulhar em noites desconhecidas
Recados dos que ainda estão aqui
Quase com crise existencial digna
Quando não entendem como vieram
e onde vão parar com pedágios agradáveis.
Paradigmas!
Sejamos sinceros
e donos de nossas pseudo-verdades
É por aí mesmo o caminho?
Ou em outro quarto utópico que desenhamos?
Na mente que por vezes mente
Quando não sabemos existir externamente.

Alguns dizem que o crime compensa as aflições
A vontade de estar em outro (s) mundo (s)
O outro lado da lua e do sol
... Pink Floyd e Girassóis
Ilusões ou ausência de críticas?
Podemos verificar
Júpiter em forma de maçãs comestíveis
Cachecol do Sul na gaveta sem chave
Céu blue sem madruguecer
No brechó retrô-coloquial
Mesmo às vistas
com contradições que nomeiam
O que não queremos ser
No futuro presente
Desnorteiam prismas
Tornam cérebros inquietos
Entardecer já é hora de sexo
E continuaremos impunes
enquanto soubermos sobreviver.

As águias, os gatos, as cobras
são seres com classe
Cadeias úteis que merecem aparte.
Gêneros não fazem diferença
Mas...
Para assegurar a existência
Nós, os “homens”
Somos sem classe
Seres “humanas”
Que estão de passagem
Com muita insatisfação para consumir
Até que enfim aquele
o nosso mundo se acabe
em purpurinas que se refazem
Na cor que escolhermos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Passado

Parece passado. É passado que passou. Mas é um passado de outro dia. No parque. Boa companhia. Cerca de três meses depois. Presente. Parece próximo ainda. Mas é passado. O que ficou. Se foi e voltou na imaginação de quem sentiu com o coração. Sem cor. O espírito estava em um momento de recepção. Estou. Lembra um momento da vida. O momento da vida. O que ficou na memória. Lembra o que passou e faz parte da história. Mas é passado. Ficou nas lembranças de quem gostou. Da grama, do mar, do vento no litoral. Do vinho branco gelado que demorou. Ficou de lado. Que pena que o passado terminou. Que bom sabermos que o presente já parece outro passado. 'Ficará' de lado. Futuro a cada segundo passado.

terça-feira, 30 de julho de 2019

Uma boa noite de frio aquecido




O que a razão pede é um amor tranquilo, um bom vinho que dê arrepios, mas que não tropece as ideias. Um cobertor que modifica o frio e o torna berço de sonhos para ficar consigo mesmo sem vontade de se levantar por bons motivos, pois o mundo uterino – o ninho de proteção e aconchegos umbilicais – passa a ser leito nos lençóis mais meigos ao invés da sala de estar vazia e com receios. Sem esmos... Olhar para o próprio umbigo e se perceber como único regalo num mundo cheio de frios e de pessoas em vão.
Mas, uma hora dessas, é preciso voltar ao trabalho e se caracterizar como gente, assim como a sociedade nos remete... E é luxo programar o horário, às vezes, flexível quando há arte e pouco salário... Enquanto isso, neste caso agregado ao que toca, o ofício será muito melhor pensado, refletido e executado após o edredom amigável e o mimo de estar consigo diante do próprio amor.

sábado, 20 de julho de 2019

Desconstruções


Desconstruções não momentâneas
São grandes problemas da sociedade contemporânea.
A política leiteira
Alimenta artimanhas
De seres inúteis que desnutrem
E a queda derradeira
Será do público
Que não almeja
Beber do leite magistrado

Desde o passado
O direito é qualhado
E o queijo podre
É o resultado

Hum...
E como cheira mal.

Prazeres degustáveis


O amor de uns é doce
como chupar cana

Para outros
é como lamber o azedo do limão
mas muitos
ou não
se entendem na cama
caso contrário
não degustam tesão

o mundo se torna azedo
e o álcool
da cana
o padrão.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Involuntário cotidiano


Espasmos involuntários refletem pensamentos conturbados diante de tantos entroncamentos da vida cotidiana, por vezes áspera, apesar das artimanhas. Os círculos nunca se fecham, mas abrem caminhos para as novas relevâncias descritas ou sentidas no risco infinito do tempo, nas ações que dizem as memórias e nos sentimentos que impulsionam triviais ou marcantes histórias. Os incrédulos que somos batem corações assim mesmo e cá ou lá (est-ão-mos) à flor de peles que nos soltam, sons que nos assopram e palavras que nos movem afetos. Os brilhos de ontem sapecam refletidos no que construímos enquanto iluminam ideias que circulam entre os bons que nos cercam. O dia bonito é incerto, o outro é indigesto, mas, em todos os dias, semanais, mensais, anuais e usuais, há movimentos por mais estático que esteja nosso comprometimento com as ações das pautas sem vontade ou das que desejamos autenticidade. O que há de mais latente salta à mente quando enxergamos motivos para sermos mocinhos ou bandidos. Os dois lados podem ser magníficos quando se define roubar o coração arrependido que decidiu amar. É quando estamos movidos sem ser removidos de nossas próprias virtudes. Somos breves, irremediáveis, involuntários... Somos leves, cotidianos, anônimos no tempo, mas deixamos pólens entre os que nos dividem os ventos, especialmente os bons retóricos afetivos que sopram desenhos que gostamos ser.

                                               Foto: Clécia Oliveira

Involuntário cotidiano
2

Espasmos involuntários
refletem pensamentos conturbados
diante de tantos entroncamentos da vida cotidiana
por vezes áspera, apesar das artimanhas.
Os círculos nunca se fecham
abrem caminhos para as novas relevâncias
descritas ou sentidas
no risco infinito do tempo
nas ações que dizem as memórias
nos sentimentos que impulsionam
triviais ou marcantes histórias.
Os incrédulos que somos batem
corações assim mesmo
cá ou lá
(est-ão-mos)
à flor de peles que nos soltam
sons que nos assopram
palavras que nos movem afetos.
Brilhos de ontem sapecam
refletidos no que construímos
iluminam ideias que circulam
entre os bons que nos cercam.
O dia bonito é incerto
o outro é indigesto
mas em todos os dias
semanais, mensais, anuais,
usuais
há movimentos
por mais estático que esteja
nosso comprometimento com as ações
das pautas sem vontade
ou das que desejamos autenticidade.
O que há de mais latente salta à mente
enxergamos motivos para sermos
mocinhos ou bandidos.
Os dois lados podem ser magníficos
quando se define roubar o coração
arrependido
que decidiu amar.
É quando estamos movidos
sem ser removidos de nossas próprias virtudes.
Somos breves, irremediáveis, involuntários...
Somos leves, cotidianos, anônimos no tempo
mas deixamos pólens entre os que nos dividem os ventos
especialmente os bons retóricos afetivos
que sopram desenhos que gostamos ser.


Apropriado impróprio futuro


O apropriado impróprio desapropriou a propriedade da pedra preciosa e a tornou futuro do pretérito.
Não por acaso, a pedra preciosa se chama vontade
À vontade para poucos de nós
Não por acaso, a pedra preciosa também se chama desejo
À vontade para quase todos nós
Não por acaso, a pedra ainda se chama virtude
À vontade para quase nenhum de nós
E, não por acaso, a pedra preciosa se chama nós
pra quem tem voz
emaranhado de vontades, desejos e virtudes
apropriado
quando há futuro
desde o passado.

Vamos semear motivos!


Vamos semear motivos! 
Vamos semear motivos para viver 
Que prestígio! 
Diz algum sábio que sabe 
que a vida é um ciclo 
uma montanha russa que rosna 
mas sobe abrindo vistas para a cidade maravilhosa 
ou outras descontraídas 
para quem pode aproveitar a vida. 

Na descida 
a queda também pode ser emocionante 
quando predomina adrenalina 
o pensamento sai de linha 
e ao passar por isso 
revela-se um grande motivo: 
Sair correndo pra tomar sorvete 
de prestígio!


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

... 2019 ...


Uma das lições que nem sempre as pessoas percebem é que não se deve perder o tempo da felicidade autêntica. Alegrias superficiais se dissolvem antes de serem melhor sentidas. Há momentos em que não vale priorizar o orgulho, não serve o medo de um não ou do destino roubar nossas ideias. Devemos sim tentar o que o pensamento sente, nos organizar para que venham as mudanças (válidas e necessárias) e nos esforçar para que permaneçam as boas conexões. Sempre há chances de novas experiências serem também novos caminhos de boas surpresas. Novos rumos, novas energias e então nos renovaremos como pessoas. A partir disso, até o mundo óbvio pode ser outro.