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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Hoje é dia do mendigo

Hoje é dia do mendigo
Dia de doar pão, sopa e cobertor
Isopor, papelão e jornal
Já não precisam
Neste dia já têm amigos.
Para quem escapou da senzala
O açoite é a sociedade que se cala
O branco é sátira de mágoa
Biscoito raro com café
De quem presta contas mas não é
Diz o pardo ou mulato
Nascido ou queimado de sol
Hoje é dia do mendigo
O branco, o negro, o vivo.
Hoje é dia do mendigo?
Duvidou um homem que começou no poder outra semana
Na próxima, quer vida suserana
E não cana de pé
Quer garantir seu jornal na hora do café
O recheio de seu pão italiano
E o papelão no retrovisor americano.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

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Jornalista revolucionário
Há preguiça em seu olhar
Fotógrafo, pintor imaginário
Este é seu lugar?
Deseja ser musicista e escritor de poemas libertários
Livre da cultura para profetas
Não vai embora após rupturas
Antes da lua cheia que ideias clareia
Nunca emudece
Às vezes se receia
Pensa, se entristece
Mas nunca abandona a aldeia
Sem antes cisar amarguras
Desabrochar-se em águas profundas
Sem limites para o voo das palavras.
Por inteiro está longe das tumbas
Floridas de cinza e vigiadas pelo coveiro de areia
Que pede esmolas ao defunto que vagueia
E desfaz-se nas falas oportunas
De vagabundo que proclama na noite
Verdades obscuras propinescas
Realidades denunciantes que se escondem
Do Rio de Janeiro ao mundo
Nos noticiários e no corredor dos palácios
São muitos os fatos importantes que se calam
Cobertos literalmente
Quando os jornais se reúnem
E borram o que nos une.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DESTOANTE

Cansada de tantas informações e intenções não cumpridas
Os versos tornaram-se fundamentais para o acalento
Em suas entrelinhas estão os desejos de brisa
A imagem da rede macia e frutas vermelhas na taça.
A música nunca falta
Às vezes só ela basta
Intercalada ao som das águas e do vento.
Mesmo vivendo ao pé dos mares
O bom senso é completar as tarefas do dia
Cheio de angústias e belezas esquizofrênicas
O senso bom dá tom à melodia
Da vida apaixonada, responsável e ousada
Ao mesmo tempo
Sempre aberta às boas possibilidades
É muita ousadia inflamada
Da lebre que não me cabe.
Cá estou a estudar vários mares teóricos
Ângulos destoantes ao ampliar o que poucos sabem
O resgate à memória retórica
Que só quer preservar frases-reconhecimento
Restos são levados pelo vento
Ou desaparecem nas águas periféricas
Dão lugar àquelas palavras que se perdem em folhas esbranquiçadas
Depois de entregues ao sujeito de cara amarrada.
Os projetos descansam sem mágoa
Não é realidade tão edificada, pintada na contramão...
Eles sabem que ainda terão vez
Nas mãos da pele maltada fora da lei
Sem inglês ou ideias de japonês
Sairão das gavetas que não estão lacradas
São inatas e fogem das ilesas destoantes.
Poucas são as mudanças e algumas as surpresas
Recebem de lembrança as teias
Que cruzam caminhos impensados
Nas frestas contrabandeadas quando se abrem
No ambiente interessado sem calma
Onde velejam coisas inéditas na pauta dos olhos calejados
Enquanto os sonhos renovam-se ao pensar nas possibilidades certas.
O destoante é cansaço esperto
De quem não esquece o que “si” move
E comove-se em gestos – clichê cético.
Cada coisa tem seu tempo
Cada arte tem seu espaço e encanto
Cada apontamento é soberba de bom carpinteiro
Arteiro enquanto pode
Deságua quando sofre
Renova-se
Tece nas palavras, nos sons, na dor
O palco do bem feito
Dispersa o sabor que tem direito
Com ferramentas que dão exemplo
Procria, recria
Simplesmente vive
Não se desfaz com o tempo
Insiste.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A luta continua em muitos bastidores da vida

Há quem diga que as dívidas estimulam o trabalho e são a força motriz que nos impulsiona a continuar cumprindo metas para o enriquecimento das empresas. Mas quando a nossa função é pensar, dá vontade de deitar na rede para refletir com calma e sensatez. Depois, é hora de sair armado com a voz e com o lápis, uma constante manobra no trânsito entre a obrigação e a educação. Escrever e dar vida às obras críticas ainda é tarefa lícita e sem bater o cartão, constituindo uma eterna e saborosa dívida para nós mesmos. O pagamento é sono tranquilo e acordar bem como se a cama fosse sempre macia. A luta continua em muitos bastidores da vida.

...


É preciso mimos para ouvidos cansados de imagens acústicas de dias em que a obrigação impera sobre o sono tranquilo de melodias pacíficas e palco macio na noite até amanhecer... "here comes the sun" de mãos dadas com Frank Zappa, amigo do passado inseparável no presente e no churrasco do quintal das mangueiras que sombreavam a brisa de uma tarde inteira.
São novos os antigos planos repletos de mágica intenção. Estamos tentando ampliar os limites da imaginação e encontrar-a-dentro, no íntimo, o melhor dos mundos. Estamos sentindo impactos fracos e mobilizações do tempo. Sabemos redecorar os bons laços que desataram-se enquanto a fuga foi-se pura taça-delícia de um bom dia, luxuriante ao anoitecer.

O estopim da noite é a frase feita mais certa, devidà perturbação de beijos no portão. Permanecem conosco a falta de regras, a absorção de sistemas oníricos por onde se respirapasse. A convivência rara traz ainda sentido a tudo que não se larga, complica-se quando as mãos se esticam e cores aparecem depois de tantas batucadas e letras de obras que bem se acabaram.
Somos sorte, somos replays de jornadas de sonhos jung-anos que se passaram. E lá fomos nós, passando por várias avaliações, mas cumprimentados como se ocupássemos o mesmo lugar no espaço da ilógica existência de alguns que amam.
Quando ainda éramos magos, brilhava o tocos ao toque do tambor e cachaças aromatizadas. O sucesso de entrada sempre foi a amburana gelada e, mais tarde, as tranças desarrumaravilhadas que ajeitavam a passagem para o outro mundo.
Tempos literaturarte como borda a música entre outras artes com respiração inata de quem não sabe outro modo de viver. As plantações em outros momentos das notas ainda escoam ideias, cores, palavras e as imagens da época permanecem como retratos infindáveis atrás dos olhos que sabem ver.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

VALE-SE


Produções culturais, revisões insanas, comunicação oportuna e física das pessoas humanas. Quantos talentos bastam para o abraço da semana ser compatível com os ideais nada frívolos? Podem ser aqueles antigos de morar na China, entender as origens do kung fu enquanto toma na porcelana chás coerentes ao cozinhar com hibisco. E, enfim, entender intenções da essência humana para aplicar na próxima encarnação. 
O tempo passa e respostas tornam-se textos filosóficos de justificativas dos objetivos não alcançados. É que eles se mudaram e, no meio da trilha, correram para o mato ou para a estrada – interessante demais para não serem aproveitadas suas periferias. A vida sempre seguiu, desde o dia em que a decisão certa foi a de ser livre para abusar das descobertas. O menu vivência compilou-se como guia na busca pelo conhecimento até em meio a um cipoal vulnerável que rende encontros e separações extremamente lúdicas e compatíveis com a realidade. 
Confusões à parte, o mundo girou a favor da arte e tudo se volta no presente tempo como se o afastamento fizesse coro à solidão necessária a outros nascimentos. Sobreviventes de distorções que causaram sofrimentos e alegrias efêmeras abusam sempre das locuções que rendem bons entendimentos, num balanço guiado pelo vento favorável a quem a si pertence.

domingo, 21 de abril de 2013



Ser poeta

Algo que nasce e aperta

Aptidão é a vontade
Que pelas mãos o dom se acerta
Com o tempo
Acolhe mais os frutos da inspiração.
Esconder-se da poesia
É algo que colocam na cabeça vazia
É contra sua sensibilidade e verdade
No fazer-se contraste.
Escreva sempre que quiser
Mesmo que ninguém veja
Seja homem
Seja mulher.
Sempre perguntam por que escrever
Nem sempre é para elogios aos escritos
Muito menos um dever
Apesar de versos cheios de sentido
Nem sempre sabemos o porquê.
Simplesmente escrevemos
Muitos já o dizem
Creio na resposta para nós mesmos
Vezes outras também para você (s)
Um brincar de palavras para nos reconhecer
Ou não.
O poema pode ser ilusão
Nem sempre é quem somos
Pode ser imaginação, divagação
Impressões, inquietantes percepções
Ou qualquer algo sem nome.
Enganos escapam sempre
Pois é do jeito que queremos
Poucas coisas são assim...
Prazeres serenos
Em mentiras, verdades e ambiguidades
A revelação nunca é plena.
É porque o poema é de todos
É também seu significado
Seus sentimentos e experiências...
Até quando nós mesmos relemos
Nos foge o que antes havíamos pensado.
É engraçado escrever como psicografia
Depois atribuir sentidos não imaginados
Sem regras ou padrões que enquadram-se por receios
São sempre nossas as palavras
Cheias de valores e táticas
Com objetivos ou livres de intenção.
É hora de brincadeiras
Para outros – hora de chamar a atenção
Ou dizer o que a realidade anseia
Despertar fantasias nada alheias
Enquanto aflora aptidão
Nos que se deixam à vontade.

quinta-feira, 18 de abril de 2013


A morte é a vida cumprindo seu papel de não virar múmia ou pedra sem forças para mastigar, beijar e viver como nasceu. É hora de brilhar, de verdade como estrela, não como a que já morreu, mas como a que viveu e teve papel no universo. Todos precisam de descanso... Os que sofrem pela partida nem sabiam que o amavam tanto, mas a hora é de celebrar a vida e ver o quanto foi significante. Viver para sempre enjoa. Uma hora dessas, estaremos lá ou aqui, seja onde e como for, iremos. Até lá, antes de dormir, seremos autores de nosso tempo e viveremos até que ele se esgote.

terça-feira, 2 de abril de 2013

AFETOS APERTADOS

É engraçado como aperta a saudade de coisas simples
e tão difíceis de serem revividas.
É surpreendente um telefonema de uma antiga amiga
mesmo morando a uns 1600 km de distância.
Ela te liga somente para saber como está
diz que sente saudades e relembra coisas simples que já foram constantes.
Muitas vezes, quem está por perto não te vê
não te ouve
e nem lembra que você é parte de alguma existência.
Numa sociedade de faces e fakes
o que menos importa é seu cheiro, sua voz e um abraço suado.
A aparente felicidade das telas invade sem pudor o campo do desejo
cheias de intimidades disfarçadas para quem sabe ler...
Pelo menos sabemos o que é quem as pessoas gostariam de ser.
E parabéns às que de verdade são.

quinta-feira, 7 de março de 2013

ESPIRROS PERFORMÁTICOS

?
ESPIRROS PERFORMÁTICOS

Princípio entre vizinhos:

Escuto espirros performáticos da minha janela
não sei se está nascendo, gozando ou morrendo
mas prefiro acreditar que são espirros apenas
e não escarros de garganta sem poema.
São performances intensas
que uma hora explodem ou passam.
Parece que tudo podem esses indivíduos
tipo individualismo cósmico...
Comigo, todas as ações esbarram-se em critérios
os outros desta vez são os que sofrem.
É o que esmero quando me intrigam, me desesperam
soluço gritos e insone é meu sonho
fico atenta à espera de um sossego pacífico
aguardo a minha vez de espirrar
rrá, rrá, rrá
não como eles,
mas com elegância intelectual “estapafúrdia”
e, é claro,
que produzo
espirros muito mais performáticos.
Atim!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Balé do Saco


Há muita vida por trás das coisas...

O simples pode possibilitar a (s) mais complexa (s) das sensações, uma visão peculiar do centímetro efêmero que nos cerca ou ao menos uma alusão ao comportamento da natureza. Tudo isso faz parte de nós e agrega-se, sem percebermos, ao desfrute de nossos sentimentos. "Apreciai-vos."

Assista novamente:

Balé do saco
http://www.youtube.com/watch?v=yak_9bmqiRI&feature=related

domingo, 27 de janeiro de 2013



Um pedido foi feito
com respeito à fonte do desejo
Não sei o porquê, mas não foi aceito
e, sem contestações, virou-se e continuou surpreso.
Ela chegou de lado, encurtou o espaço
e finalmente deu-lhe um beijo
Aconteceu de forma indecente
Roubando sem ele perceber
Foi quando a noite sorriu, o céu escureceu
Veio o respingo frio
Bem na hora que ela o abraçou
Um pedido foi feito
Ela deu-lhe um beijo
E ficou tudo bem.


CABANINHA


A cabaninha, sob o céu cinza
sem nenhum desgosto...
podia sentir um vento bobo
que brincava comigo enquanto eu o olhava
e a grama verdinha, da pequena casa,
e a pessoinha que me convidava
a conhecer o quintal,
que era cozinha, que era sala
cheio de montinhos de lãs de alpacas
estava em todo lar
sob o céu que ia chover de leve.